Post de Marcos no fórum "Bate-Papo da Torcida" do Meu Timão

Beleza.

Em resposta ao tópico: "Análise tática Corinthians x Nacional Asunción - Ganhamos, mas não evoluímos"

Muitas análises que tenho ouvido desse jogo falam de um Corinthians que deveu futebol apesar da vitória. Mas os adjetivos usados foram “ruim”, “péssimo” “futebol fraco”. Já vi jogos realmente péssimos, horríveis mesmo, mas para usar esse adjetivo tem que saber como justificar. Esse ano mesmo eu fiz análise tática aqui no Meu Timão de um jogo aonde o Matheus França, lateral que fez o gol hoje, recebeu poucas bolas do elenco e teve a oportunidade de passar pouco, nunca vi isso em um lateral. Me lembro de um jogo aonde o Corinthians ficou só na defesa - e só o Cássio passou a bola quase 20 vezes, sendo o terceiro ou quarto passador. Também me lembro de um Corinthians todo no ataque, teve mais posse de bola disparado mas finalizou apenas duas vezes.

Se eu fosse descrever esse jogo em uma palavra, eu diria que foi “previsível”. E quem já viu minhas análises em outras ocasiões sabe o que eu quero dizer…e confesso que não esperava isso do António Oliveira, pois o futebol mostrado nesse jogo foi influência direta dele. Com olhos analíticos, vamos entender esse jogo com detalhes - e aí vocês verão o quão previsível o Corinthians foi.

PRIMEIRO TEMPO

O Corinthians veio com uma escalação bastante curiosa, prometendo ser ofensiva ao colocar Paulinho, Guilherme Biro e mantendo Gustavo Silva na ponta direita e Ángel Romero como falso 9. O jogo começou com o Nacional Asunción fazendo forte marcação alta, mas o Corinthians se soltava aos poucos - e assim ficou visto que o Corinthians jogava num 3-4-3 em ataque e defensivamente num 3-4-3 para marcação média ou num 4-5-1 sob marcação baixa.

Chamou a atenção que Guilherme Biro trocava constantemente de posição com Breno Bidon, jogando pelos dois lados visando apoio dos laterais, pontas e o Paulinho, o que funciona pelo forte refinamento e mobilidade de Biro, lembrando muito o Douglas no seu auge, com a diferença que o Douglas era meia-atacante camisa 10 e ameaçava muito a Zona 14, sendo que o Biro é um meia-de-criação estilo camisa 8. Outro detalhe é a forte recomposição defensiva dele: ele começou na base como lateral esquerdo e se destacou pelos gols e assistências como lateral, por isso a boa cobertura defensiva.

O contra-ataque do Nacional aos 22 minutos que quase resultou no gol deles me irritou por um detalhe absurdo: o último homem na defesa era o…Hugo! Havia notado que o elenco, como sempre, priorizava o Fagner para atacar e deixava o Hugo mais recuado…mas esse ataque do Nacional escancarou isso de forma absurda, pois ao menos um ponta do lado oposto ou um meia poderia ter recuado!

A partir dos 30 o Corinthians procurou manter um 2-3-5 em ataque, mas os jogadores não se aproximavam entre si como deveriam, e isso impedia o passe final no ataque. Acabava dependendo de um lance individual de Gustavo Silva ou Wesley.

Notem a diferença do posicionamento do Fagner em relação ao Hugo. Enquanto o Fagner ia mais ao ataque, Hugo ficava muito mais na defesa como descrito antes. Essa previsibilidade em cima do Fagner foi uma das coisas que minou nossa ofensividade.

Além disso, o mapa de posicionamento médio ilustra muito bem o isolamento dos volantes e Guilherme Biro - e asseguro que esse isolamento piorou muito no segundo tempo. Um 4-3-3 com o meio campo fechado só funciona se o time atacar mais por dentro e com enfiadas inteligentes, era assim que a Itália de Pirlo jogava. Mas o que vimos foi totalmente o contrário, como verão à seguir.

SEGUNDO TEMPO

O segundo tempo começou com o Nacional sendo mais ofensivo, botando o Corinthians para trás. Começamos a mostrar instabilidade na saída de bola, e eles aproveitaram isso para atacar várias vezes com perigo. Então entrou Gustavo Silva e Matheuzinho para sair Guilherme Biro - que jogou bem - e Yuri Alberto.

É a segunda partida em que vejo António tira um meia ou ponta para colocar um lateral, supondo que o Corinthians não conseguia finalizar por falta de ataque em profundidade com qualidade. Mas o problema era outro: o objetivo do Corinthians deveria deveria ser atacar pelo centro com compactação entre os jogadores, e não jogar em profundidade com os jogadores afastados. E num time que fazia um 4-3-3 com o meio-campo fechado alternando para um 3-4-3, isso tinha que ser feito ainda mais com um adversário tão débil na marcação central.

Mas aí o Corinthians faria um gol do Yuri Alberto, e realmente foi numa jogada em profundidade, porém com falha defensiva adversária. Depois disso o jogo foi lá e cá - e muito da vitória se deve ao Carlos Miguel que fazia um milagre atrás do outro. Aos 83 minutos entrou Gustavo Henrique para ajudar na defesa, o que indicava que o Corinthians jogaria recuado o resto do jogo, explorando um contra-ataque. No final Romero teria um gol anulado, mas logo depois Matheus França fez o segundo gol justamente numa jogada pelo centro como falado antes, mas infelizmente ele machucou o pé no final

Notem a discrepância da finalização do Nacional com o Corinthians. Isso mostra o quanto a falha estratégica quase nos custou caro, pois foi dos erros de passe e a estratégia falha que ocasionou os ataques do Nacional. Se não fosse o Carlos Miguel, teríamos sido goleados.

CONCLUSÃO

O jogo não me agradou porque senti que estava vendo aquele Corinthians de anos atrás, extremamente burocrático que só sabia atacar em profundidade e não pelo centro, e nesse caso não foi birra interna mas sim do próprio treinador. Foram várias as vezes em que o Nacional abria brechas pelo meio mas o Corinthians não explorou isso. Havia a aproximação entre Biro e os volantes mas essa mesma aproximação não havia entre os pontas e laterais - e dependia disso para o ataque sair bem.

Foi um demérito tático em cima do Guilherme Biro que não era necessário, pois dependíamos dele para jogarmos bem. Era para ter sido mais uma goleada, não fosse isso. O próximo jogo será contra o Flamengo, que apesar de não estar necessariamente na sua melhor fase, ainda é um time perigoso principalmente jogando em casa, só que gosta de jogar muito em profundidade e pela esquerda. Preferia o Matheus França para esse jogo ao invés do Fagner mas ele se machucou, receio que sofreremos muito com a permanência de Fagner na titularidade. Talvez inclusive seja um jogo para o Fausto Vera, pois um dos pontos fracos do Flamengo é o chute de longa distância.

Resta saber qual será o Corinthians que veremos contra o Flamengo: assertivo e dinâmico ou previsível como futebol que vimos hoje e que lembra o jogado nos últimos anos.

VAI, CORINTHIANS!

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