O técnico Renato Gaúcho, do Grêmio, conseguiu na última semana algo que nenhum treinador de nenhuma outra equipe do Campeonato Brasileiro havia conseguido até então: mexer com os nervos do time do Corinthians.

E não foi com um gol, uma mexida tática ou uma estratégia de jogo. Foi com uma frase, dita após a vitória da equipe gaúcha sobre o Flamengo na última quinta-feira:

“Anote o que eu estou falando, o Corinthians vai despencar".

No domingo, após o jogo contra a Ponte Preta, Renato pediu desculpas e voltou atrás:

“Peço desculpas porque me posicionei mal após o jogo do Flamengo. Disse que o Corinthians despencaria. Peço desculpas. (Quis dizer que) ele tropeçaria. Despencar fica muito mais difícil, mas vai tropeçar”.

Mas Renato é um sujeito esperto. Experiente. O objetivo já tinha sido cumprido.

Nunca se falou tanto sobre o futuro do Corinthians no campeonato quanto nestes últimos dias. Aproveitamento, jogos em casa, fora de casa, vai cair, vai subir, vai se manter.

O discurso dos atletas, de jogo a jogo, foi contaminado.

Renato conseguiu que (quase) todo mundo fizesse projeções a longo prazo sobre a equipe de Fábio Carille.

Não cairei nessa mesmice de discutir aqui se o aproveitamento vai diminuir, aumentar ou se estabilizar.

O fato é que o técnico do Timão, apesar de menos experiente que o treinador do sul, não é bobo. Quando perguntado sobre o fato, não quis responder. Manteve o discurso.

Alguns jogadores que chegaram a responder ao técnico do Grêmio não falarão mais sobre isso.

O discurso será retomado. Jogo a jogo.

No xadrez do futebol, cada ponto é importante. E cada frase também.

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