Rever essas reprises de jogos históricos e relativamente recentes mas nem tão recentes da Seleção Brasileira me colocaram num lugar de reflexão sobre o caminho que o Corinthians está tomando depois de, tal qual o Brasil em 2002, conquistar o mundo em Yokohama.

A geração da Copa do Mundo do Japão e da Coreia do Sul tinha entre seus mais estrelados (galácticos, na verdade) gente como Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos. Foram contratados pelo Corinthians após seis anos e meio e sete anos e meio, respectivamente.

A geração da Copa das Confederações de 2005 tinha entre entre suas principais estrelas (e certamente o mais decisivo jogador) Adriano Imperador. Foi contratado pelo Corinthians menos de seis anos depois daquele 4 a 1 na final contra a Argentina.

Uma projeção matemática então me leva ao seguinte cenário: o Corinthians de 2020, voltando uns seis, sete anos, pode sonhar em contratar craques da Seleção Brasileira campeã da Copa das Confederações de 2013 ou quarta colocada da Copa de 2014?

Quem eram os Ronaldos, Robertos Carlos e Adrianos daquela geração da Seleção? Não! Sejamos mais justos. Quem eram os melhores daquela Seleção que, projetando para o mundo real de 2020, poderiam se contratados hoje por um clube brasileiro?

Se Daniel Alves voltou, David Luiz e Thiago Silva voltariam? Paulinho foi titular no 3 a 0 contra a Espanha em 2013 e 2 a 1 diante da Colômbia em 2014... Hulk também em ambas – e substituído por Jadson na Copa das Confederações! Fred marcou dois gols naquela final...

Mas e aí? Alguém acha possível o Corinthians lançar uma cartada secreta nos próximos meses e contratar David Luiz, que é corinthiano declarado, ou Thiago Silva, que já já faz 36 anos? Paulinho teria que baixar o salário em 60%, 70%... Voltaria será? A verdade é que o Corinthians não teria como bancar nem o salário de Fred, que fará 37 anos em 2020.

E essas contratações não são irreais para o futebol brasileiro. São Paulo trouxe Daniel Alves ano passado e agora ao menos sonha com Cavani. Palmeiras vira e mexe ameaça sondar Hulk. O Flamengo contratou ano passado Filipe Luís, Rafinha e Gerson. Agora em 2020 manteve o superfaturado Gabigol na maior transação do futebol brasileiro. E não duvido nada tentarem nomes como Paulinho e Renato Augusto muito em breve...

Existem duas formas de contratar jogadores desse naipe: pagar altos salários ou usar do marketing pra que o próprio astro traga um retorno financeiro igual ou até maior que sua pedida salarial. O Flamengo ainda tem um raro trunfo que potencializa tudo isso: a torcida.

O Corinthians também tem esse raro trunfo. Uma até mais Fiel. E mesmo assim está ridiculamente longe de colocar esse modus operandi em prática.

E olha que até pouco tempo atrás eram Ronaldos, Robertos Carlos e Adrianos que pintavam por aqui, em... Esse modus operandi é o que encheu o Parque São Jorge pra um louco fenomenal entrar para o bando. Mas e hoje?

Como hoje bancar salários de estrelas com endividamento na casa de R$ 700 milhões e projeção de déficit de mais de R$ 150 milhões só em 2019? Como organizar uma "contratação do marketing" se não há um diretor de marketing desde a saída de Rosenberg? Falando em diretor, o de futebol alerta a torcida que tá difícil sonhar com Keno. Com Roger Guedes. E os rivais citados lá em cima sonhando com Cavani! Que pesadelo...

Em tempo: Jô, que estava longe de ser protagonista mas fazia parte sim dos elencos da Seleção em 2013 e 2014, é o mais alto que o Corinthians pode sonhar. E olhe lá. E mesmo assim é um sonho meio burro, em essência: homem gol não é a posição carente hoje. Mas é hoje, como sempre foi e será, a posição mais populista. Então que venha o artilheiro! É o que dá pra ter de alegria vinda do Japão, né.. Saudade Yokohama de Ronaldo, de Corinthians.

E outra que é bom o torcedor saber: será/seria a última grande contratação do atual mandato de Andrés Sanchez. E a conta, como todas as outras, passa ao próximo. Uma hora o cartão bloqueia, viu? E como ficam os gastos? Como ficam os gastos que hoje já são dívidas, aliás?

Pelo menos uma preocupação a menos: não é também como se fôssemos usar esse cartão pra parcelar uma outra viagem a Yokohama tão cedo, né? Fiquemos nas reprises...

Mais sobre as contas que não fecham no Corinthians

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