A base do Corinthians se agitou nesta semana após Claudinei Alves, diretor da base, dizer que Flora, prodígio do Terrão, deixou o clube para acertar com o Palmeiras. O dirigente alega que o time da Barra Funda, além de pagar um salário astronômico, vai conceder luvas de R$ 200 mil pela assinatura do contrato. A família do craque mirim, por outro lado, diz que o projeto apresentado pelo Timão foi desanimador.
Thiago Freitas, diretor de operações da Roc Nation Sports, empresa que cuida da carreira de alguns craques como Endrick e Vini Jr., no Brasil, diz não crer que houve pagamento de multas por parte da equipe da Barra Funda. "Nem Flamengo, nem Palmeiras, pagam 'luvas' para crianças ou seus pais. Palmeiras e Flamengo são mais procurados do que procuram, inclusive", disse em entrevista ao UOL.
"Não acompanho o jovem que supostamente deixará ou deixou o Corinthians, mas apostaria que o Palmeiras não ofereceu os valores divulgados, especialmente porque isso geraria um ambiente impossível de ser administrado com demais garotos e famílias. Os pais ou responsáveis se concentrariam na cobrança por uma comparação benéfica para seus filhos, e não para o seu desenvolvimento, até mesmo compartilhando informações que não são verdadeiras, acreditando que isso traria um benefício nesse processo de barganha e especulação", completou.
Segundo o diretor, a família de Flora vai receber R$ 15 mil mensalmente do Palmeiras, além das luvas. A equipe alviverde admitiu a chegada do jogador de dez anos, mas negou os valores citados.
Após a notícia da saída da joia, a torcida do Corinthians levantou a hipótese de que Flora teria sido aliciado pelo time da Barra Funda. Legislativamente falando, não dá para colocar esses termos. A Lei Pelé reconhece vínculos entre clubes e jogadores a partir dos 14 anos, enquanto a Lei Geral do Esporte, aprovada em 2023, reconhece quando o atleta completa 12 anos. Antes desta idade, os vínculos não são reconhecidos.
"É equivocado dizer que um clube 'tira' um garoto de outro. São crianças, e seus pais têm o direito e obrigação de avaliar o que é melhor para elas, em várias esferas, considerando inclusive questões de curto e longo prazo. Alguns clubes oferecem melhor estrutura, planos, e possuem evidências claras e recentes de que podem oferecer algo melhor a essas crianças e suas famílias", comenta Thiago Freitas.
O que acontece na base é um acordo "moral" entre os clubes para evitar casos de aliciamento. A família de Flora alega que só houve o contato do Palmeiras quando o jovem deixou o Parque São Jorge.
Flora era considerado uma das grandes joias do Corinthians, com potencial para chegar ao profissional em alguns anos. O jogador é da geração de 2014 e sempre atuava em categorias acima de sua idade.