Economista aponta momento chave de descontrole de dívidas do Corinthians
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Por Matheus Scontre e Rodrigo Vessoni
A enorme dívida que o Corinthians possui já não é novidade para ninguém. O economista Cesar Grafietti, no entanto, revelou o momento chave para que o clube perdesse seu controle financeiro.
Em entrevista exclusiva ao Meu Timão, no quadro Papo com Vessoni, o profissional construiu uma linha do tempo com os erros que levaram ao elevado valor atual da dívida. O recorte apresentado passa por 2012 até a pandemia de Covid-19, que afetou, principalmente, 2020. Neste período, o ano de 2019 é apresentado como a temporada chave para o declínio financeiro.
Mesmo em 2012, ano mais glorioso de sua história, o clube já atrasava salários e tudo foi piorando desde então, até que Palmeiras e Flamengo, por exemplo, apareceram com melhores condições financeiras.
“Quando a gente olha a linha do tempo tem algumas composições, vou começar em 2012, o clube já atrasava encargos salariais de maneira geral. Em 2013, por conta das eleições, o clube teve que fazer um acordo e troca uma dívida de encargos e impostos para um alongamento de passivos. Quem pega a conta vê não teve uma mudança de ponto de vista total, mas de composição. Já era uma estratégia para contratar melhores atletas, você fala que vai pagar 10 milhões de salário, mais 5 milhões de encargo, o seu adversário terá que pagar 15 milhões para concorrer. Mas era uma estratégia porque no final você não pagava, deixava de lado e gastava menos para ter um jogador mais caro", iniciou Cesar Grafietti.
"Em 2014, 2015 teve um saldo imenso de outras dívidas de adiantamentos, justamente para essas vantagens futebolísticas, o clube precisava dinheiro e conseguiu antecipando contratos, teve a renovação de contrato de TV, então recebeu mais um adiantamento. E foi até 2018 com um patamar de dívidas alto, mas usando muitos adiamentos para fazer a necessidade de impostos e salários. Em 2017 é campeão em 2016, 17 e 18 começa a aparecer Flamengo e Palmeiras com a condição muito bem mais estruturada no ponto de vista financeiro", completou o economista.
Pela melhora dos outros clubes, o Corinthians resolveu apostar tudo em 2019, aumentando os custos de forma desenfreada. Tudo piorou com a pandemia e, consequentemente, a queda de receita. Desta forma, o clube não conseguiu mais se reestabelecer.
"E aí o clube deu 'all-in' em 2019 e aumenta demais os custos, tem um salto imenso em questão de endividamento por contratações, atraso de salários, e tem uma complexidade de atrasados, que ainda vinham sendo pagos com antecipações. Depois veio a pandemia em 2020, ela pegou o clube na contramão, o clube tinha gastado demais em 2019 e com a queda de receita, a dívida foi embora e foi só aumentando por conta dessa falta de estrutura que o clube se colocou em 2018 e 2019. Os últimos quatro anos são caóticos trabalhando com dívidas de mais de 1 bilhão”, finalizou o profissional.
Vale destacar que a dívida do Corinthians está próxima de bater a marca de R$ 2 bilhões. Neste valor, as pendências do clube com a Caixa Econômica Federal pela Neo Química Arena já estão englobadas.
Em outros trechos da entrevista, Cesar Grafietti chegou a sugerir a melhor forma para reestruturação financeira do clube. O economista também analisou a antiga gestão de Duilio Monteiro Alves e o início de mandato de Augusto Melo.